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PROVÍNCIA IMACULADA CONCEIÇÃO: 90 ANOS

A Província Imaculada Conceição dos Missionários de Nossa Senhora da Salette no Brasil, com exultação, comemora neste ano de 2024 os seus noventa anos de fundação. Sua história, de começo pobre e humilde, compreende uma caminhada missionária vigorosa, dado o empenho evangélico de seus pioneiros. 
A 18 de dezembro de 1902 chegou ao Brasil o Padre Clemente Henrique Moussier, MS, que atuava na missão saletina na América do Norte. Ao saber da situação religiosa e da pobreza do povo brasileiro, encheu-se de ardor missionário para anunciar-lhe o Evangelho e a Mensagem da Salette. Em 1904 assumiu a Paróquia de Santana (SP), marcada pelo atraso econômico e pela carência religiosa de sua população. A doação de Padre Moussier ali imprimiu uma viva devoção a Nossa Senhora da Salette iluminada pelo Evangelho de Jesus Cristo. 
Com a chegada de Padre João Helme e do Padre Afonso Bovier, a primeira comunidade saletina no Brasil, sediada em Santana (SP), foi elevada a Região Missionária em 1904, sob a direção do seu Superior, Padre Moussier.
Entre 1905 e 1906, chegaram os Missionários Saletinos: Padre Eugênio Beaup, Padre Leão Perroche, Padre Agostinho Poncet, Padre Fidélis Willy e os Irmãos Alfredo Villard e Edmundo Bettaz. Padre João Helme havia voltado para a Europa por motivos de saúde. Com Padre Moussier e Padre Bovier, a equipe missionária saletina era formada por oito membros, isto é, seis Padres e dois Irmãos. Isso permitiu que, além de Santana (SP), outros postos de missão fossem assumidos na Capital e no interior de São Paulo.
Em 1911, o Padre Moussier e a Comunidade queriam fundar uma Casa de Formação de Missionários Saletinos brasileiros, o que não era possível por carência de recursos humanos. Em 1912, Padre Moussier concretizou o sonho de fundar um Santuário da Salette no Rio de Janeiro, então Capital Federal do Brasil. Para tanto, com as bênçãos do Cardeal Arcebispo Dom Sebastião Leme, assumiu a Paróquia no Catumbi, um bairro pobre da cidade.
Os Confrades Saletinos, reduzidos e espalhados em obras distantes entre si, viviam tempos difíceis por causa da Primeira Guerra Mundial. Três deles foram convocados à frente de batalha na França. A situação precária obrigou a adiar a fundação da Casa de Formação. Somente em 1928, apesar das dificuldades, a Região pôde fundar a Escola Apostólica e a Paróquia em Marcelino Ramos (RS). O ministério paroquial saletino, no entanto, decorria com entusiasmo pastoral. 
Em 1934, a Missão Saletina no Brasil contava somente com catorze Missionários dentre os vinte e cinco que haviam chegado ao Brasil até aquele ano. Sete deles haviam falecido e quatro tinham retornado à Europa. Três eram os locais de ação missionária: Santana (SP), Catumbi (RJ) e Marcelino Ramos (RS).
O Capítulo Geral da Congregação, em 1932, decidiu organizar a Congregação em Províncias sob a direção do Superior Geral. As distâncias continentais e a dificuldade de comunicação entre a Direção Geral e as comunidades esparsas pelo mundo, eram um empecilho para o governo da Congregação. Era preciso descentralizar a gestão da Congregação. Por isso, em novembro de 1932, o Conselho Geral se dirigiu à Santa Sé para solicitar a permissão de fundar as Províncias. Em resposta, a Santa Sé autorizou a criação das quatro primeiras Províncias da Congregação: Nossa Senhora da Salette na França, Nossa Senhora das Sete Dores nos Estados Unidos, Santo Estanislau na Polônia e Imaculada Conceição no Brasil. 
Assim autorizado pela Santa Sé, o Superior Geral, Padre Estêvão Xavier Cruveiller com seu Conselho, em reunião de 8 e 9 de fevereiro de 1934, decretou a criação das quatro Províncias, com posterior nomeação dos respectivos Superiores e Conselheiros Provinciais. A Província Imaculada Conceição recebeu como Superior Provincial o Padre Simão Baccelli, como Primeiro Conselheiro o Padre André Duguet, como Segundo Conselheiro o Padre Fidélis Willy e como Ecônomo o Padre Francisco Allard.
Em dezembro de 1934, a nova Província, unida a toda a Congregação, viveu nova alegria com a decisão da Santa Sé que permitia aos “Missionários Saletinos” retomarem a sua denominação original de “Missionários de Nossa Senhora da Salette”. O nome original havia sido suprimido pela Santa Sé em virtude da querela da divulgação do suposto segredo da Salette por parte de Melânia e do grupo “melanista”.
A elevação da Região Saletina no Brasil a Província Imaculada Conceição permitiu um frutuoso crescimento pela maturidade missionária de seus pioneiros que já possuíam uma Casa de Formação em plena atividade em Marcelino Ramos. A missão saletina no Brasil desdobrou assim o alcance de seus horizontes e se tornou o que é hoje, uma sólida instituição eclesial dedicada ao Ministério da Reconciliação, seu carisma.
 
Padre Atico Fassini, MS