© - 2025 Portal Salette - Todos os direitos reservados!
“Pois bem, meus filhos, transmiti a todo o meu povo”
(Maria em La Salette)
Queridos irmãos,
A ocorrência do 175º aniversário da Aparição, oferece uma ocasião propícia e feliz para mim e o Conselho Geral de enviar a todos vós, onde quer que estejais no mundo e em qualquer ministério que ocupais, os mais belos e fraternos votos de uma santa e frutuosa celebração Jubilar em plena conformidade com o nº 2 da nossa Regra de Vida que diz:
“Maria, invocada com o título de “Nossa Senhora de La Salette, Reconciliadora dos pecadores”, é a Padroeira da nossa Congregação. O aniversário da sua aparição é celebrado solenemente por todos os Missionários de Nossa Senhora da Salette”.
1. Retorno às fontes
Esta celebração jubilar envolve todos nós e nos estimula a regressar às raízes da nossa espiritualidade carismática, que tem a sua razão de ser na Aparição da Bela Senhora em 19 de setembro de 1846 e que animou ontem e continua a animar hoje a nossa vida de religiosos e de sacerdotes saletinos.
O retorno às fontes é fácil de dizer, mas desafiador em sua realização concreta. De facto, implica uma capacidade corajosa de ler e apreender em profundidade o sentido e a actualidade da mensagem que Nossa Senhora deixou a Maximino e a Melânia para continuar a transmiti-lo na sua totalidade aos homens e mulheres do nosso tempo sedentos de Deus, da sua Palavra e de uma vida reconciliada.
É uma missão e um compromisso confiado antes de tudo a cada um de nós, mas também ao numeroso e variado grupo de Leigos Saletinos que, agora presentes em todas as nossas Províncias e Regiões, zelam com entusiasmo e particular dedicação o culto e a devoção a Nossa Senhora Reconciliadora a todos os níveis e ambientes, na família e no lugar de trabalho, bem como na formação cultural e no compromisso político, nas atividades sociais e caritativas e na animação dos movimentos e comunidades paroquiais.
Ser saletinos hoje significa ser chamados a gerir com responsabilidade e fidelidade uma herança espiritual e mariana proveniente do prodigioso acontecimento da Aparição, de indiscutível significado eclesial, que acolhemos e herdamos daqueles que nos precederam na vida religiosa e sacerdotal saletina. Hoje, cabe a nós transmitir plenamente às novas gerações de cristãos e jovens saletinos a riqueza carismática que nos foi transmitida.
Depois do seu “Mandamento” de 19 de setembro de 1851, que decretou a veracidade da Aparição e consequentemente sua aprovação oficial pela Igreja, Mons. Philibert de Bruillard, bispo de Grenoble, emitiu, em 1º de maio de 1852, uma segunda carta pastoral na qual, além da construção de um santuário no lugar da Aparição, anunciava a constituição de um grupo de missionários diocesanos ”, destinado para o serviço do santuário, acolhendo os peregrinos, pregando a Palavra de Deus, exercendo o ministério da Reconciliação, administrando a
Eucaristia e sendo para todos os fiéis dispensadores dos mistérios de Deus e dos tesouros espirituais da Igreja.
Esses padres serão chamados “Missionários de Nossa Senhora de La Salette”. A sua instituição e a sua existência serão, como o próprio Santuário, uma lembrança perpétua da aparição misericordiosa de Maria”.
Este texto é o acto constitutivo e programático da missão confiada à pequena comunidade missionária que se instalará de maneira estável na Montanha Santa a partir de 1852.
2. Uma comunidade em caminho
Depois de alguns anos de reflexão, oração e discernimento feitos à luz da mensagem da Bela Senhora, os padres Archier, Berlioz, ALbertin, Bossan, Buisson e Petit, padres diocesanos, pediram e obtiveram de Mons. Ginoulhiac, novo bispo que sucedeu a Mons. De Bruillard, para fazer os primeiros votos religiosos em suas mãos durante um ano, iniciando assim oficialmente o caminho na Igreja de nossa Congregação. Este acontecimento histórico teve lugar na capela da casa episcopal de Grenoble, no dia 2 de fevereiro de 1858, festa da Purificação de Maria e da Apresentação no templo de Nosso Senhor.
Esses padres são, portanto, os pioneiros e os primeiros religiosos de nossa Congregação e nós somos hoje seus herdeiros naturais. Nosso sincero e eterno agradecimento a eles neste momento.
Viver a consagração religiosa em comunidade à luz da mensagem de Nossa Senhora foi uma escolha que influenciou desde o início não só as suas vidas pessoais e missionária, mas também a de quem teria seguido o seu exemplo ao longo do tempo, fortemente atraído e fascinado das lágrimas abundantes que caíam sobre o rosto da Virgem e do último convite da mesma dirigido aos dois pastorinhos, Maximino e Melânia: “Pois bem, meus filhos, transmiti a todo o meu povo”.
Deste modo, a Igreja, com a constituição da nossa Congregação, foi enriquecida com uma nova “família religiosa e apostólica, dedicada ao ministério da Reconciliação” (RdV, 1). A Aparição, portanto, deve ser considerada por todos nós como o evento fundador de referência da nossa presença na Igreja como Missionários de Nossa Senhora de La Salette. Por este motivo têm o direito e o dever de recordar e celebrar este extraordinário acontecimento espiritual e eclesial que marcou para sempre a nossa existência.
3. Um ano estimulante
Segundo as diretrizes emanadas do Capítulo Geral 2018, com a proclamação de um Ano Mariano saletino, cada Província e Região foi convidada a preparar um programa de iniciativas “ad intra” e “ad extra” da comunidade, que previa um percurso de formação, momentos de oração e reflexão a nível pessoal, comunitário e pastoral, com o objetivo de preparar adequadamente cada um dos seus religiosos para acolher e viver com renovado entusiasmo a mensagem de renovação e de desafio que deve emanar da celebração jubilar da Aparição .
Espero que esta oportunidade tenha sido explorada e aproveitada ao máximo, apesar das dificuldades inevitáveis e dos limites compreensíveis impostos pela rápida e persistente evolução da pandemia Covid-19 que atravessa e assola o planeta há quase dois anos.
Espero e rezo para que a celebração do 175º aniversário da Aparição, além de marcar um ponto de chegada, pelo qual agradecemos ao Senhor e à Virgem de La Salette, estimule todos nós religiosos, assim como os Leigos Saletinos e fiéis devotos de Nossa Senhora acolher com esperança o futuro próximo como lugar certo da presença e encontro com o Deus da vida e da promessa e abraçar com confiança os novos desafios missionários que certamente enfrentaremos mais cedo ou mais tarde. Não devemos passivamente “guardar as cinzas” do
nosso passado – que revelaria tempo perdido e desperdiçado -, mas sim dedicarmo-nos com todas as nossas forças para reacender aquela brasa que, como em 1858, tem a capacidade de reacender o fogo de entusiasmo missionário e carismático que deve caracterizar toda a nossa vida de religiosos e sacerdotes saletinos.
4. Um olhar em prospectivo
A celebração do 175º aniversário acontece num momento verdadeiramente difícil para a vida do mundo e da Igreja. A insegurança e a confusão parecem reinar soberanamente em todos os níveis: social, político e institucional, sanitário e eclesial. A Covid-19, que não poupou ninguém, contribuiu a pôr em evidência e diante dos olhos de todos a fragilidade e precariedade que estão habitando e atravessando a vida e a história da humanidade, e de certa forma até a vida religiosa no seu todo. Neste contexto de desorientação e crise, a nossa Congregação não pode retirar os remos na barca, mas deve colocar ao serviço da Igreja e da sociedade de hoje a riqueza e a actualidade do carisma da reconciliação emanado da mensagem da Bela Senhora ao serviço da Igreja e da sociedade actual e que sempre nutriu o seu espírito missionário e apostólico.
Proximidade, partilha, esperança e reconciliação são atitudes que, espero, sejam mais destacadas no futuro por nossa Congregação em seu compromisso missionário de promoção humana e espiritual em todas as partes do mundo onde foi chamada a anunciar a Boa Nova. E isso para que as lágrimas de Maria, que são também as lágrimas de todos os homens e mulheres do nosso tempo, não sejam derramadas inutilmente, mas nos ajudem a ver o novo e o bom que inevitavelmente surgem em nós e à nossa volta.
Estou a pensar neste momento em Mianmar, que na sequência do golpe de estado perpetrado pelos militares no início de fevereiro de 2021, apresenta-se actualmente como um país em estado de sítio onde reinam o medo e a insegurança e os direitos fundamentais estão deliberada e constantemente violados;
O meu pensamento dirige-se também a Moçambique onde se encontra a situação de violência gratuita e sem precedentes perpetrada por alguns grupos islâmicos contra comunidades cristãs e não cristãs e a consequente emergência humanitária que surgiu como consequência dos numerosos deslocados, que do norte do Região chegaram à cidade de Pemba, influenciaram não pouco, e às vezes dificultaram, o serviço pastoral dos nossos confrades.
Não posso, naturalmente, esquecer o Haiti onde a morte do Presidente da República e o recente terramoto desastroso que atingiu o sudoeste do país puseram literalmente de joelhos as já frágeis expectativas de desenvolvimento social e económico do país que há vários anos vive em um estado de corrupção endêmica e pobreza alarmante e progressiva.
A nossa presença nestes países claramente em dificuldade pretende ser um sinal de esperança, semeando sentimentos de paz e abrindo caminhos de integração e reconciliação.
5. Jubileu no Santuário
Conforme foi anunciado anteriormente, o Conselho Geral, terá o grande privilégio de presenciar, em representação de toda a Congregação, a celebração jubilar do 175º da Aparição. Nesta, permitindo a Covid-19, estarão presentes alguns bispos provenientes das dioceses nas quais trabalham os nossos Missionários no mundo, os Superiores Provinciais ou os seus delegados, uma restrita representação das nossas missões e dos Leigos Saletinos, como também o P. Agostinus Purnama Superior Geral dos Missionários da Sagrada Família e o seu Conselho, assim como a Irmã Elisabeth, Superiora Geral das irmãs de La Salette com o seu Conselho. Até agora agradeço a todos quantos colaboraram e fizeram possível este encontro na santa Montanha, e em particular o meu reconhecimento se dirige a Comunidade
Internacional dos Missionários e das Irmãs de La Salette, bem como para a Associação dos Peregrinos que nos acolherão no santuário fazendo o melhor de si próprios para tornar agradável a nossa estadia.
6. Conclusão
Em meu nome pessoal e do Conselho Geral, desejo a todos os Missionários de La Salette, sobretudo aos doentes e aos anciãos, como também aos nossos numerosos jovens em formação e aos Leigos Saletinos do mundo, as irmãs de La Salette, aos Missionários da Sagrada Família e a todos os nossos colaboradores uma santa e profícua celebração jubilar. Que Nossa Senhora continue a abençoar-nos e ser para cada um de nós uma guia segura na vida religiosa e uma mãe atenciosa e acolhedora na acção pastoral.
No próximo 19 de setembro ter-vos-ei presente, sem excluir alguém, na oração junto aos pés da Virgem que chora.
Fraternalmente o vosso,