I – Introdução.
Constata-se que a sociedade está envolta neste contexto. Vive dividida, polarizada. Nota-se esta divisão, esta polarização em todas as dimensões do ser humano. Sua ação se reflete tanto no sócio-político-econômico, como ético-moral-religioso-cultural. Todos estes setores são eivados, contaminados pelo vírus ideológico. Quem mais, quem menos.

Na contra mão, nasce um Novo Vírus. Ele é nobre, puro, transparente, cristalino. E, cheio de vigor e determinação, entra e implanta o novo paradigma com espírito paradisíaco.

II – O que é e qual o objetivo da polarização.

1. O que é polarização?

a. É um termo de visão, de conceito ideológico de perfil reducionista. Puxa, atrai para o seu pólo que é o seu ponto de vista.
b. É uma palavra que opõe dois grupos, duas ideologias, usualmente identificada com “esquerda” e “direita”.
c. Segundo o jornalista Hélio Gurovitz, “polarização virou uma espécie de geni (Fonte, geração, origem) da política” e de todas as áreas ativistas do ser humano, citadas na introdução (Cf. Epoca 17/02/20 Pg 67)

2. Qual o objetivo da polarização

a. É idolatrizar, absolutizar, impor o seu ponto de vista.
b. É priorizar o seu plano, sua proposta tanto na linha sócio-político-econômico como ético-moral-religioso e cultural

III – Vamos ver, em primeiro momento, como a polarização age, se manifesta no ativismo e do ser humano, tanto no ser secular como no ser espiritual ou religioso

1. No ser secular social – Os populistas apostam na polarização ou na prática que tem a função de dividir a sociedade ao meio, em dois lados, em dois pólos que divergem, que se opõem. Assim por exemplo: bons X maus, povo x elite, nós x eles, esquerda x direita.
2. No ser secular político – Os populistas usam a polarização considerando como método, mais eficaz para ganhar as eleições.
3. No ser secular econômico – Os populistas exploram a ansiedade econômica quando a prosperidade não é compartilhada e a mobilidade social fica mais difícil. Daí, investem na polarização para criar uma base coesa (Cf Revista época 27/04/20 – D K Goael)
4. No ser espiritual e religioso – A Igreja católica desvia-se da Missão paradisíaca confiada por Cristo, seu fundador aos, seus pastores, e provoca cisma, ruptura entre os seus membros, polarizando-os. Ou seja: criando grupos opostos.
Tais grupos rompidos com a matriz, passam a ser chamados de protestantes, de cismáticos, de evangélicos, de pentecostais.

IV – Em segundo momento, vamos ver, constatar como a prática Cristalina se manifesta no ativismo do ser humano tanto no plano secular como no plano espiritual ou religioso

1. Ações cristalinas no plano secular

a. No plano secular social
– Cultura do diálogo culmina com o consenso.
– Partilha dos saberes com o objetivo de transformar a comunidade em um jardim florido, encantado, símbolo do novo paraíso.
– Promoção de trabalhos comunitários feitos em “mutirão”.
b. No plano secular político
– A palavra “política”, de origem grega (Polis), que quer dizer cidade, lugar cultural onde os gregos tomavam decisões na busca do bem comum. Tal lugar virou um símbolo, um lugar cultural, onde se buscava aprimorar o caráter, a mística por uma sociedade igualitária paradisíaca. Era o “santuário” onde se esmerava na busca da perfeição. Lá se formavam lideranças de linhagem profética (Cf. Manual da Campanha da Fraternidade – ano 2019 Pg 19-21 e 383ss)
– Implantar e cultivar as “políticas públicas” equivale a transformar o mundo em clima paradisíaco onde o Bem Comum é exaltado, vivido, celebrado e anunciado.
c. No plano secular econômico
– O plano cristalino está em alta na medida em que o salário dos trabalhadores atende as necessidades básicas da vida familiar.
– O plano cristalino vira a chama libertadora na medida em que as categorias se organizam em sindicatos para defender os seus direitos.
– O plano cristalino se mantem ativo, na medida em que alimenta a esperança, de construir classe trabalhadora unida e organizada, expressa no canto: “Povo unido jamais será vencido, povo organizado jamais será pisado”.

2- Ações cristalinas no plano espiritual
a. Nas religiões cristãs (católicos, ortodoxos, anglicanos, evangélicos, pentecostais e luteranos).

Ação 1 – Vivência ecumênica sadia entre os grupos acima citados e parcialmente em algumas outras denominações evangélicas cismáticas.
Obs. As demais seitas pentecostais partidárias de diferentes denominações religiosas, não aderem ao plano ecumênico. Por isso excluem a linha cristalina, salvadora, revelada por Cristo e aderem a linha polarizada, divisionista, separatista entre justos X injustos.

Ação 2 – A prática do diálogo, a troca de experiência a partilha de saberes, entre os líderes de diferentes credos, consolida, enriquece o senso comum e reforça o paradigma paradisíaco.

Ação 3 – Trabalho feito em “mutirão” cristaliniza, enobrece a vida comunitária.

b. Na religião budista
Ação 1 – seu ativismo se resume no lema de São Francisco de Assis: reconciliação consigo, com o outro, com a natureza. E Deus está nas três.

Ação 2 – Sua mística volta aos princípios originais pautados pela pureza, pela transparência e pela cristalinidade.

c. Na religião Javista
Ação 1 – Seu ativismo resume-se em três atividades:
1. Permanecer unidos
2. Permanecer piedoso orante
3. Permanecer fieis a Javé o Deus libertador
Ação 2 – Sua mística libertadora: resumida em três fases
1. Cultivo da pureza
2. Ser transparente
3. Toda prática em vista da implantação do novo paraíso.

d. Na religião Islâmica
Ação 1 – Seu ativismo: o sonho de Maomé é de conquistar o mundo Árabe, transformando-o num super povo, com ajuda dos “Aiatolás”, seus assessores.

Ação 2 – Sua mística, sua ação: Inicia com a prática externa física. Esta prática física ajuda a coordenar a mente, reforçando-a, espiritualizando-a, cristalizando-a.

V – Causas que geram ações polarizadas e cristalinas
Introdução: Vamos descobrir as causas que geram ações polarizadas nos seres humanos seculares e espirituais.
a. Causas que provocam a polarização.
– O fanatismo: disputa de poder tanto no plano secular como no plano religioso.
– A ganância e a corrupção: nas administrações políticas e econômicas.
– A leitura fundamentalista, moralista, ritualista no rito religioso na maioria das religiões
– A prioridade dada a lei, a letra, ao rito em suas práticas religiosas, destronando, desta forma, a graça, a mística do seu lugar privilegiado.
– Rejeição da partilha ecumênica pelas seitas pentecostais e pelos católicos de linha carismática espiritualista.
– E todos quantos usam nas conversas, nas palestras, nos meios de comunicações as “Feke News” (as falsas notícias), provocando a polarização.

b. A voz da verdade cristalina está em alta
– Quando os cristãos dispersos, acolhem a voz da verdade construindo a comunidade ecumênica. São as seguintes comunidades: católicos, luteranos, ortodoxos, anglicanos e parte de alguns evangélicos e católicos de rito carismático.
– Quando o diálogo é imparcial, sincero e consciente, onde se partilham os saberes, as experiências tanto com o mundo secular como com o mundo espiritual.

c. Qual o objetivo desta pesquisa?
Abrir caminhos para implantar o novo paraíso fundamentado na partilha de bens, na comunhão de saberes, na vivência de culturas, e agora, com a chegada do plano cristalino, oposto ao polarizado, reforça os projetos anteriormente implantados.
– Quando cria, implanta a “Escola Bíblica Popular” visando preservar, resgatar a mensagem original revelada por Deus. Este resgate se dá através do seguinte “tripé” metodológico:
1 – Ver e constatar a Palavra de Deus
2 – Analisá-la e testá-la por peritos abalizados
3 – A conclusão é por conta do artífice divino. É nobre, é pura, é cristalina como a palavra revelada.

VI – Conseqüências das práticas polarizadas
Introdução:
As consequências são variadas. Acontecem entre dois ou mais grupos de planos, visões ou idéias opostas. Agem praticamente em todas as áreas da vida do ser humano. Vamos destacar os seus efeitos, área por área.

1. Na área social: discrepância de tratamento entre o povo e a elite independente de credos.
2. Na área econômica: é inegável a diferença salarial entre operário e o patão
3. Na área política: a prática populista tem livre acesso no meio do povo sem escrúpulos, de uso de “Fake News”. E o ativismo polarizado impera.
4. Na área religiosa: As “Fake News” disparam. A linguagem moralista, fundamentalista, legalista, fanática arrebanha o povo. Tal linguagem dúbia, equivocada de víeis, de senso apologético, tão notoriamente usada em tempos idos, permanece bem ativa, sobretudo em grupos religiosos em todas as religiões.

VII – Desafios de um ambiente polarizado

1. Como transformar um mundo polarizado em ambiente cristalino paradisíaco?
2. Como um governo, em regime democrático, assessorado por dezenas de partidos, pode libertar-se da polarização?
3. Como a polarização, num sistema multipartidário é, ás vezes, necessário para que as nossas discordâncias políticas possam se expressar? (Cf. Ezra Klein, Época 17/02/20 Pg 67).
4. Quando, como e por que a alternância polarizada, com freqüência, não é o consenso, mas supressão?
5. Como superar os impasses?
6. Como entender o silogismo marcante, “polarização gera polarização”, afirmada pelo jornalista Ezra Klein in “por que estamos polarizados?”
7. E como avaliar a seguinte conclusão, dada pelo Jornalista “é preciso extrapolar a ideologia para definir a própria identidade de cidadão”? (Cf. Época 17/02/20, Pg 67)

VIII – Caminhos conclusivos em busca do novo paraíso

1. “Ser bem informado sobre a realidade da vida ajuda a entender questões políticas difíceis, a transformar mentes e a criar um mundo melhor. Mas, cidadãos mais inteligentes e/ou mais educados não acabam a discordância sócio-político-econômico e religioso. Mas estão mais equipados para defender o seu próprio lado”, ou seja, o seu pólo. (Cf. Cientista Ezra Klein, Época, Pg 67).
2. Partir dos fatos, da realidade cientificamente comprovados.
3. Usar o senso comum chamado juridicamente de “fazer acordo”, ancorado em políticas públicas.
4. Descobrir, dentro deste contexto relativista, o Plano divino, o absoluto: como relevância, o ícone, o pico supremo, o caminho, a verdade, a vida (Cf. Jo 14, 6). É a labareda para aquecer os corações conturbados. É a luz cristalina para nos libertar dos pólos divergentes.
5. Estabelecer diálogo franco, transparente e cristalino com todas as lideranças tanto seculares como religiosas.
6. Toda esta caminhada é o sonho, a utopia em busca de “águas mais profundas” que canalizam para o Novo Paraíso.

Curitiba-PR, 10 de junho de 2020

Pe. Raimundo Lipski, MS